terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Fuja como um Rei!

A história do Natal de Jesus é cercada por vários fatos surpreendentes. Identifica-se, na Escritura, a manifestação de seres espirituais - anjos - anunciando o nascimento do Salvador a uns pastores que guardavam seus rebanhos nos campos dos arredores de Belém da Judeia. Algum tempo depois contemplamos a visita de uns magos vindos do Oriente ao menino Jesus recém-nascido, trazendo alguns presentes próprios de um rei.

Após a visita dos magos registra-se, outra vez, a presença de um anjo trazendo mais uma mensagem para aquela pequena família, desta vez revestida de um caráter de urgência:

Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. (Mt. 2:13)
Maria, quando recebeu o anúncio de que, mesmo virgem, seria mãe daquele que ocuparia o lugar do rei Davi e que seu reinado não teria fim, talvez não imaginasse que seria surpreendida no meio da noite por seu marido despertando-a para fugir com o propósito de salvar a vida do menino que seria o Rei dos reis, eternamente. Como seria eterno, se ele estava tão exposto à morte? Poderia ter pensado ela.

Diante desse relato, consideremos sucintamente algumas lições:

Em primeiro lugar, registre-se o fato de que muitos perigos cercaram o Filho de Deus. Herodes, um governante cruel e ambicioso, o procurou para matá-lo quando ainda era um bebê de colo. Ele não admitiu a possibilidade de um rei dos judeus em seu território (ele mesmo era tido como o rei dos judeus).

A vida, na atualidade - como foi também no passado-, se desenvolve em um ambiente extremamente cercado de perigos. Eles vêm de fora, da violência, acidentes, corrupção, injustiças etc., mas também vêm do interior dos homens, sendo esta fonte, aliás, a que origina boa parte dos demais...

Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. (Mt. 15:19)

Se os perigos estão sempre nos ameaçando, considere que Jesus Cristo viveu essa experiência desde o seu nascimento. Sua mãe e ele não tiveram sequer o necessário descanso pós parto, tendo de empreender uma longa viagem a um lugar que oferecesse segurança.

É sempre bom lembrar que Jesus conhece as dores e sofrimentos pelos quais nós passamos. Por isso o autor do livro aos Hebreus enaltece a identificação de Jesus conosco e que, tendo passado por várias coisas pelas quais passamos - mas sem pecado - é compassivo conosco.

Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hb. 4:15)
Em segundo lugar, levemos em conta que existe ajuda do alto. Os perigos eram uma realidade, mas também Deus é uma realidade. Um anjo foi enviado com uma mensagem instrutiva: fujam do perigo, daquilo que pode lhe prejudicar e destruir a sua vida.

Quantos caminhos são trilhados por pessoas que não consideram que ao final são caminhos de morte e destruição! Temos disponível a mensagem vinda dos céus, de Deus, para nos guiar a trilhar um caminho afastado dos perigos. O inimigo está ao derredor procurando alguém para devorar, já advertia o apóstolo Pedro:

Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; (1Pe. 5:8).

Portanto, ainda que não haja um anjo aparecendo a cada um de nós em sonhos, dia após dia, nos ensinando com nos comportar, temos a eterna Palavra de Deus com a mensagem do Altíssimo indicando o caminho a trilhar e, algumas vezes, a palavra de ordem é fugir, taxativamente, sem negociar, sem ponderar:

Fugi da impureza... (1Co. 6:18)

Fugi da idolatria... (1Co. 10:14)

Jesus teve de fugir, circunstancialmente, do tirano Herodes, pois sua vida estava ameaçada fora de tempo. O servo de Deus também deve empreender fugas do pecado.

Em terceiro lugar, consideremos a atitude de José, ao ouvir a mensagem angelical:

Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; (Mt. 2:14).

José foi obediente ao recado de Deus trazido pelo anjo. Essa é a sua parte na vida: confiar na Palavra de Deus e obedecê-la. Ela é a verdade. José não fez ponderações; eles estavam dormindo, um descanso necessário, dadas as circunstâncias, quais sejam: Maria ainda se recuperava do parto desconfortável que teve; havia um bebê muito novo que também necessitava de descanso. Quem já teve um filho desde novinho sabe muito bem dos incômodos próprios de se ter um recém-nascido sob sua responsabilidade (dores, choro, pouco sono, cansaço etc.).

Em acréscimo, a nova viagem seria muito mais longa e cansativa. Ainda assim, não percebemos José resistindo a Deus e quando despertou Maria com aquele carinho que lhe era peculiar, possivelmente sussurrou em seu ouvido: Maria, desculpe interromper o seu merecido descanso, mas Deus está chamando o Seu Filho neste momento lá do Egito, para cumprir a profecia de Oseias, que diz do Egito chamei o meu filho. Ela se levantou confusa, mais uma vez, com tantas mensagens angelicais, mas se arrumou alegremente, pois estava cumprindo a Palavra do Senhor, e foram os três...

No caminho certamente deram muitas graças a Deus pelo livramento e também pelos presentes recebidos dos magos orientais, pois com aqueles bens poderiam comprar alguns alimentos, objetos e contratar alguns serviços que tornariam mais confortável a viagem e a estada no Egito.

É preciso compreender que a obediência que nos livra do perigo exige sacrifícios, mas nada insuportável, mas certamente alegrará o coração de Deus.

Portanto, devemos discernir os perigos do pecado que nos assedia, ouvir a Palavra de Deus, que nos mostra o caminho do livramento e obedecer com fé, fugindo dos perigos como o grande rei. Certamente o Senhor nos conduzirá para as águas tranquilas e pastos verdejantes. Amém.

Pr. Roberto.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Orar é preciso.

com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos (Ef 6:18)


Parece-me que a temática em tela compõe uma das áreas mais difíceis da vida cristã. Seria coerente crer que a negligência na oração tem grande participação na vida derrotada de muitos cristãos, em especial nos dias atuais, em que o assédio no sentido de afastar o povo de Deus de sua missão é contundente.

Propõe-se este breve devocional a instigar os irmãos a atentar para essa importante atividade, particularmente em virtude do poder que dela advém para combater o inimigo que está constantemente atacando o povo de Deus.

A partir do versículo 10 do presente capítulo (Ef. 6) o apóstolo Paulo descreve uma armadura que deveria revestir todos os crentes, não sem razão, pois ele está tratando da existência de uma luta em que os cristãos participam, percebendo ou não.

O apóstolo afirma que existem ciladas do diabo (v. 11). Ora, se são ciladas, é porque esse inimigo é covarde e procura meios de enganar o povo de Deus. Uma característica da cilada é que ela é coberta por algo que aparenta ser bom, normal e desejável. Mas, ao final, demonstrará sua verdadeira natureza maligna e destruidora. Infelizmente, muitos só descobrem isso quando já é tarde demais.

Ressalte-se que o articulador dessas armadilhas é o diabo, um ser espiritual poderoso e capaz de enganar com suas palavras, a exemplo do que aconteceu no Éden, com a primeira mulher e o primeiro homem, que, apesar de divinamente advertidos, foram alcançados pela astúcia desse inimigo cruel.

Outro aspecto importante é que a luta ora travada é de ordem espiritual. Portanto, os instrumentos ou armamentos necessários para o eficiente combate não está no mundo material, e, sim espiritual. Esse é o motivo por que o Mensageiro dos gentios encoraja os irmãos a tomar toda a armadura de Deus. Destaque a palavra “toda”, pois é fundamental não estar vulnerável aos ataques desse perigoso inimigo.

Vem de Deus essa armadura, pois não está no homem a capacidade de vencer naturalmente essa guerra. Daí o escritor aos Efésios detalha cada parte dessa importante vestimenta de combate (vv. 4 a 17). E, por fim, expressa com ênfase a necessidade de se revestir completamente em meio à oração e à súplica. Especial atenção deve ser dada ao fato de que essa conduta deve ocorrer em todo tempo no Espírito (é um comportamento espiritual).

Se os crentes de nossa geração compreendessem um pouco mais da realidade desse combate espiritual, e percebessem que estão sendo alvo dessas ciladas do inimigo de nossas almas que, conforme o apóstolo Pedro, está ao derredor, procurando alguém para tragar (1Pe. 5:8), certamente se ocuparia mais em orar, buscando no Espírito todo o poder para resistir no dia mal (v. 13), aqueles momentos em que o adversário desfere seus golpes em nossa direção.

Diante do exposto, cabe ressaltar que tal conduta cristã deve ser com súplicas e vigiando com toda perseverança (v. 18). Vigiar, em resumo, significa perder o sono, o que nos faz pensar em abdicar de alguns momentos do repouso para dedicação a Deus em conversa sincera.

A perseverança é algo a ser compreendido por muitos ainda, pois desejamos ser atendidos rapidamente em todos os nossos anseios. Jesus ensinou a perseverança na oração várias vezes. Uma delas foi por meio da parábola da viúva que importunava um juiz iníquo. No final, Jesus declara:

Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? (Lc. 18:7)

Por fim, os cristãos devem ter uma profunda empatia pelos outros santos, que também estão no meio dessa luta, pois suas orações deveriam ser também altruístas, “súplicas por todos os santos...” (v. 18). Tiago também ressalta a necessidade de considerar os outros em nossas orações: “...orai uns pelos outros...” (Tg. 5:16).

Que o Senhor nos abençoe.



Pr. Roberto

sábado, 11 de março de 2017

Sejamos uma geração bendita




Tem-se falado muito acerca do mundo que a atual geração vai deixar para as próximas, particularmente quanto ao desequilíbrio do meio ambiente.

Como igreja, nossa visão, no entanto, deveria ir além do aspecto físico do mundo construído por uma geração e deixado para as próximas. Deveríamos, de forma mais preponderante, nos ocupar em melhor preparar as gerações que estamos vendo crescer diante de nós para o futuro.

De fato, a atual geração, bem como as passadas, tem grande responsabilidade em relação ao mundo em que vivemos hoje e não se deve deixar de lado a culpabilidade do que fazemos nos dias atuais com o mundo e que será o legado para os que virão amanhã.

A palavra de Deus tem muito a falar sobre as gerações.  Dentre os muitos exemplos, destacamos a de Noé - reconhecido pelo próprio Deus como justo diante dEle no meio de uma geração perversa; daí, Deus tê-lo salvado da destruição provocada pelo dilúvio (Gn. 7:1). Foi uma geração mal construída:

Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; (Gn. 6:5)

O Senhor Jesus mesmo viveu em uma geração também com falhas em sua construção, de tal forma que, segundo Ele, era má e adúltera (Mt. 12:39; 16:4). Tal geração não reconheceu o seu Messias e o matou.

Olhando para nós, no entanto, como geração que conhece o Senhor, cumpre-nos reconhecer e declarar que o Deus infinito tem revelado em Sua Palavra o inexorável momento de julgamento vindouro, que certamente alcançará, também, todos que viveram no passado. Todas as gerações, de alguma forma, serão responsabilizadas pela sua maneira de cuidar das coisas de DEUS.

Exemplo desse julgamento é extraído das verdadeiras Palavras de Jesus, quando afirma que ninivitas que viveram na época do profeta Jonas se levantarão, no juízo, e condenarão a geração de judeus da época do nosso Salvador, visto terem se arrependido com a pregação de Jonas, sendo fato que os israelitas da geração de Cristo não atenderam a Sua palavra (Mt. 12:41).

Diante da revelação da Palavra de Deus quanto ao olhar perscrutador do Juiz de todos, é mister vivermos de modo justo diante do SENHOR na atual geração e prepararmos, norteados pelos elevados valores bíblicos, as próximas gerações para os dias vindouros.

Diante do exposto, e tendo em vista o momento oportuno para reflexão em razão de mais um ano de existência da Igreja Batista dos Jardins, reconhecemos que participamos de uma grande obra, cujo construtor maior é o próprio Senhor Jesus (“edificarei a minha igreja”, cf. Mt. 16:18).

De certa forma, entretanto, somos pequenos construtores desse edifício na atual geração, e, como tais, também nos cabe parcela da responsabilidade, pois, nas palavras do apóstolo Paulo, “cada um veja como edifica” (1 Co. 3:10).

Sejamos, portanto, prudentes construtores para ajudarmos a edificar futuras gerações na verdadeira Rocha - que é Cristo, que sejam justas diante de Deus, tementes ao Senhor dos céus, comprometidas com a Sua obra. Essa deveria ser a nossa construção já em andamento. Esse deveria ser o nosso legado.

Que Deus nos seja misericordioso e nos abençoe.



Pr. Roberto.

sábado, 16 de abril de 2016

Por que choras? (2ª parte)

I - UM PRIVILÉGIO SEM IGUAL

É fato que os motivos que levam as pessoas a chorar são diversos. Mesmo os que, aparentemente, não derramam lágrimas, certamente possuem um mínimo de sensibilidade diante de injustiças, doenças, acontecimentos adversos que afetam a si ou a terceiros. O pranto não precisa sempre ser manifestado com o líquido das lágrimas visíveis, palpáveis, mas a dor interna, um choro do íntimo também é uma inegável realidade.

A mulher do relato bíblico, que chora em decorrência da perda do seu mestre - que lhe ensinara o caminho da vida eterna -, do seu salvador - que lhe expelira demônios que a subjugava -, não lhe sendo possível consolar-se por tão irreparável dano, constata o fato maravilhoso da ressurreição de Jesus, mas ainda lhe resta um véu que impede a compreensão completa, em um primeiro momento.

Poder-se-ia pensar que o choro sincero trás boas notícias, a exemplo do que acontecera com Ana, mãe do profeta Samuel, quando chorava pelos sofrimentos causados pela esterilidade, e lhe veio o socorre divino, concedendo-lhe um filho, mas o que deve trazer alento é que, da mesma forma que Ana estava no templo incessantemente buscando o Senhor, a Madalena também estava em busca da presença do Senhor, e isso é, sim, que faz a diferença.

E quanto à presença do Senhor, constatamos com tristeza o fato de muitos crentes estarem sofrendo, sim, mas o lamento - quando não murmuração - e choro é a única constante, pois a busca pela presença do Senhor é muito variável - depende de se sobra tempo - pois quase tudo precede o reunir-se com o povo de Deus para prestar culto ao Senhor. O compromisso com a obra do Senhor tem sido sufocado por quase todas as outras coisas.

Curiosamente, não faltou coragem e fidelidade a Maria Madalena, mesmo quando as circunstâncias não eram favoráveis. Deus honrou a sua lealdade, trazendo-lhe consolo e esperança. Ela foi a primeira testemunha do sepulcro vazio. Avisou a Pedro e João - discípulos mais próximos a Jesus -, que vieram correndo, constataram as palavras de Madalena e voltaram para casa. Tudo indica que ela também veio com eles correndo até o sepulcro.

Não percebemos maiores conversas entre os dois homens e Maria. Pedro e João ficaram mudos. Estava tudo muito confuso nas mentes dos discípulos. Era muita informação para processar. Eles estavam sendo conduzidos por um caminho de fortalecimento da fé. Talvez muitas lembranças de palavras que Jesus lhes falara acerca do Seu sofrimento, morte e ressurreição estivessem chegando às suas mentes cansadas naqueles momentos. Seria hora de proclamar a prometida ressurreição de Jesus? A fé estava sendo alimentada, mas ainda sem testemunho.

Em Jo. 12:42 vemos que algumas pessoas importantes dos judeus (autoridades) creram em Jesus, mas tinham medo de perder espaço na sinagoga e, portanto, não o confessavam publicamente. De fato, não é difícil encontrar pessoas que, no íntimo, reconhecem a verdade do Evangelho, mas na prática da vida procedem como se a Palavra de Deus fosse apenas uma ficção. Josué já gritara diante dos Hebreus: escolham como querem viver, se crendo nos ídolos, nas fábulas dos povos ou em Deus. Não nos furtemos de ressaltar que Josué conclui sua exortação afirmando que ele e sua família serviriam ao Senhor (Js. 24:15). O serviço inclui a fé - a crença -, mas envolve a prática: a proclamação das obras do Deus verdadeiro, além de um viver condigno.

Que os cristãos da atualidade sejam os que firmam suas convicções acerca da obra de salvação operada por Jesus Cristo, mas que não se omitam em proclamar em seu meio, para que seus testemunhos glorifiquem a Deus e alcancem aqueles que serão salvos. Emudecidos, os dois discípulos não proferem palavras, sequer para oferecer um pouco de consolo a Maria Madalena, que estava absorvida pela dor, a dor de quem amava muito ao seu Senhor.

Jesus havia enaltecido o choro de quem muito ama, quando esteve na casa de Simão - o fariseu. Aquela mulher pecadora recebeu um perdão muito grande e, por isso muito amava ao Senhor. Esse amor se desvencilhou do orgulho, da vergonha e do medo de manifestá-lo livremente ao Senhor Jesus Cristo.

Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. (Lc. 7:47)

Ora, e quem deveria chorar por amor? Quem teria tamanha coragem de assim fazê-lo diante de um sepulcro? Quem foi Maria Madalena?

Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios. (Mc.  16:9)


Ela foi liberta de grilhões infernais e, a partir de então, tributava toda a sua devoção ao Senhor, Libertador e Salvador. Será que esse modelo se multiplica? Quantos crentes têm reconhecido de verdade a realidade da sua situação antes de Cristo? Que esperança havia? Agora, com Cristo, feitos novas criaturas, honremos ao Senhor pela sua obra salvadora e choremos, como Maria Madalena, pela constante presença do Senhor, enquanto aguardamos o consolo celestial. E ele vem...



Pr. Roberto

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Por que choras?

Então, eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela lhes respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.Tendo dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus.Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. (Jo. 20:13-15)

INTRODUÇÃO

Na semana passada, nossa reflexão enfatizou a visão e a voz de consolo e esperança que vêm do túmulo vazio de Jesus.

Nesta oportunidade monto um pequeno esboço de alguns acontecimentos que tiveram lugar após a ressurreição de Jesus. O registro bíblico parece apontar que as primeiras palavras de Jesus são dirigidas a uma mulher que chorava.

Ao longo da história muitas pessoas choraram pelos mais variados motivos. Mas a mulher parece ter sido mais suscetível a sofrimentos (até pela estrutura emocional - que lhe é inerente). Não bastasse o pecado de Eva e Adão na gênese da história humana - o que por si só já é motivo de grande choro-, ainda lhe foi imposto o aumento da dor da gravidez e ao dar à luz filhos (Gn. 3:16).

Para descontrair com um trocadilho, faz-se a pergunta: quem chorou primeiro, o filho ou a mãe? Sem dificuldades, mediante tais informações, podemos dizer que a mãe, a mulher de Adão foi a primeira também a experimentar o choro.

De lá para cá, embora por algum tempo indefinido, a mulher ainda padecerá dores que lhe provocarão choro. Entretanto, observe-se que a mulher grávida, ainda que lhe ocorram sofrimentos, e mesmo com a intensificação da dor no momento do parto, tão logo lhe tenha no colo o seu filho esperado, esquece-se daquela aflição.

A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem. (Jo. 16:21)

Notícias alegres sucederam o choro de Maria Madalena em frente ao túmulo de Jesus. A Palavra de Deus nos garante um final de alegria, mesmo tendo os crentes de passar, até lá, se necessário, por algum sofrimento que lhes faça chorar.

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. (Rm 8:18)

Existe esperança para o que chora desejando a presença do Senhor? Algum conforto pode ser esperado para o que chora por reconhecer que é pecador e, tendo recebido a garantia de salvação do Senhor Jesus, não o vê com os seus próprios olhos? Indo mais além, será que existe choro por motivo que não existe? Será que já não seria o momento de se alegrar, ao invés de chorar?

Que Deus os abençoe. Até breve, com a continuação dessa reflexão.

domingo, 27 de março de 2016

A visão e o som do sepulcro de Jesus


O Evangelho não teve a sua narrativa encerrada com más notícias - notícia da morte de mais um, um nazareno qualquer, que se insurgira contra o império romano e acabou no esquecimento proporcionado inexoravelmente pelo túmulo.

A verdade é que do túmulo não se esperaria nada: nem uma visão aprazível aos olhos, nem um som reconfortante aos ouvidos. Jesus já havia usado a figura de túmulo, mas no sentido de que nada de bom se encontraria ali:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! (Mt. 23:27)

Mas do sepulcro de Jesus pode-se ver algo diferente, maravilhoso - a visão de um túmulo vazio. As mulheres que logo cedo, no primeiro dia da semana, chegaram ao sepulcro e viram que a pedra estava removida e não viram o corpo do Senhor no seu interior (Lc. 24:3) ficaram perplexas.

Além da visão, do sepulcro vazio de Jesus vem um som - o melhor som:

Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou... (Lc. 24:5, 6)

Tal visão e tal som deixaram aquelas mulheres perplexas, surpresas e os discípulos, ao ouvirem esse testemunho, ficaram como que delirando (Lc. 24:11a)

Infelizmente, para muitos é difícil crer no Evangelho. Essas boas novas foram tão incríveis que os discípulos não creram, a princípio (Lc. 24:11b). Pedro ainda foi confirmar a notícia e, ao ter a visão do túmulo vazio, ficou maravilhado do que havia acontecido (Lc. 24:12).

Prezado leitor, esse testemunho da visão e do som está registrado na Escritura Sagrada e você pode ver e ouvir, pela fé. Creia nesse Jesus Cristo, que morreu para comprar a sua salvação - pagando um preço de sangue -, e ressuscitou para garantir o cumprimento da Sua Palavra. Ele vive e assim o será para sempre.

Aos que já, pela fé, viram e ouviram a imagem e o som que vêm do sepulcro vazio de Jesus, não se esqueçam das palavras do apóstolo Paulo:

E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. (2Co 5:15)

Que o ressuscitado os abençoe.


Pr. Roberto

terça-feira, 28 de julho de 2015

Um pequeno grão que se fez árvore

Resultado de imagem para imagens de grão de mostardaOutra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos. (Mt. 13:31,32)


O capítulo 13 do Evangelho segundo Mateus é recheado de parábolas contadas por Jesus que retratam aspectos do reino de Deus - ou dos céus. O Senhor, em um determinado momento do Seu ministério terreno começou a falar às multidões por meio de histórias em virtude da incredulidade do povo, de modo que não pudessem entender claramente a mensagem do Salvador (até seus milagres, que apesar de não terem sido poucos, poderiam ter alcançado mais pessoas e situações, se não fosse a incredulidade do povo (Mt. 13:58).
Os discípulos, ainda que tivessem confirmado o entendimento das parábolas contadas por Jesus naquele dia (v. 51), creio que dificilmente imaginaram quão grande seria o crescimento da Igreja que eles acabaram fundando com Cristo. Será que perceberam que um grão de mostarda não se transformaria em uma grande árvore sem uma ação milagrosa?
Jesus está querendo registrar, à semelhança de como fez em outras oportunidades, o que aconteceria no futuro, ainda que não ficasse perfeitamente compreendido pelos seus ouvintes da época em que Suas palavras saíram da Sua boca.
Um pequeno grão de mostarda
Jesus nasceu em uma família pobre, sem qualquer projeção na sociedade. Teve que enfrentar uma longa caminhada no ventre de sua mãe, de Nazaré a Belém da Judeia. Muito difícil foi até achar um lugar para nascer, restando-Lhe senão um estábulo. O berço de ouro de um rei deu lugar a uma simples manjedoura. Seus visitantes ilustres foram simples pastores - pessoas, cuja companhia, de certo modo, indesejadas, em virtude do mau cheiro impregnado no corpo etc. É bem verdade que recebeu, mais tarde, a visita de uns magos – desconhecidos - que vieram do Oriente.
Que se pode dizer das tão especuladas infância e juventude daquele que causou o maior alvoroço na Sua terra a partir dos trinta anos de idade? Certamente foi um período de pouquíssima expressão em seu meio, dada a simplicidade da vida e da família, aprendendo uma profissão própria de simples – marceneiro – como seguidor natural do pai adotivo.
Já na idade adulta, tendo iniciado o Seu ministério terreno de pregação da chegada do Reino de Deus, percebemos um grande contraste em relação ao período do infante? Foi seu palácio das mais requintadas obras de arte da época? Não teria sido o grão de mostarda representado pela ausência de um lugar para repouso, vez que o Filho do Homem não tinha um lugar para reclinar a sua cabeça? O seu grande exército não foi um grupo de 12 simples homens medrosos, desarmados “até nos dentes” (pois até a ressurreição não foram grandes pregadores, exceto na missão dos 70)? Vemos o Rei vivendo uma vida simples, dependendo de ofertas voluntárias do povo... um pequeno grão de mostarda...
No Jardim do Getsêmani encontra-se um homem prestes a enfrentar o pior momento: a morte e, mais que isso, o desprezo do Pai, que desde os tempos eternos tem desfrutado de abundante comunhão e prazer. Ali está um grão de mostarda indo para debaixo da terra, enfraquecido, apesar da certeza de que aquele momento de fraqueza e morte traria grandes e gloriosos frutos; daquele pequeno grão, sendo enterrado, surgiria um grande arbusto, fazendo-se árvore.
Na cruz, um homem sendo morto, fraco, sem proteção, sem amigos, sendo zombado pela maioria dos presentes e transeuntes... um pequeno grão de mostarda, sem valor e sem esperança. A morte chega e até para ser sepultado foi necessário emprestar um sepulcro de terceiro. Que pequeno grão!
O pequeno grão germina e produz
Entretanto, a morte não conseguiu vencer  o autor da vida! Jesus ressuscitou e o curso da história mudou. Já não vemos mais um Jesus frágil, sujeito às limitações impostas aos homens. As leis naturais não regem aquele que é o criador e sustentador de todas as coisas.
Os seus discípulos, frágeis e medrosos de outrora, a partir desse fato já não se intimidam com a força do homem, mas atendem ao Todo-Poderoso e, corajosamente, apregoam a ressurreição de Cristo com dedicação surpreendente. A mensagem, apesar de rejeitada por muitos, é milagrosamente aceita por multidões e a Igreja de Cristo cresce assustadoramente.
É fato, entretanto, que muitos cristãos foram perseguidos em virtude da sua fé, mas isso não impediu o crescimento dos que são chamados para fora do mundo de pecado, mas, ao contrário, engrossou as fileiras do exército de Cristo. Muitos judeus creram no Evangelho... o grão de mostarda se tornou uma grande hortaliça... A célebre promessa de Deus a Abraão de que nele seriam benditas todas as famílias da terra começava a ser concretizada: os povos gentios foram alcançados pela pregação do Cristo morto e ressuscitado pelos pecados do mundo. Até o império romano teve que se render a esse avanço do Cristianismo nos primeiros séculos, adotando-o como sua religião oficial...
Agora a pequena semente já era árvore e capaz de abrigar pássaros. Muitos encontraram abrigo, conforto e esperança na Igreja do Senhor e ainda isso acontece em nossos dias. Entretanto, os pássaros também foram considerados por Jesus como símbolo de Satanás para arrancar a semente plantada nos corações das pessoas. A pregação do Senhor também deixou a advertência de que o joio seria semeado pelo inimigo. Assim, da mesma forma que a Igreja serve de apoio para muitas pessoas, pois esse é o convite de Jesus (“vinde a mim”), também estão pendurados nela os falsos mestres - que semeiam a mentira, buscando afastar os cristãos do caminho -, até o momento da ceifa, quando, então, haverá a perfeita separação entre o bem e o mal.
Que o amado leitor seja abençoado pela Igreja do Senhor, recebendo os bons nutrientes que vêm da sua base, mas também que seja uma bênção, promovendo o crescimento sadio do corpo de Cristo. Seja aquele que contribui, participando, ajudando nas atividades da igreja, orando, fazendo boas obras, evangelizando, sendo perspicaz na identificação de falsos mestres e não aquele que promove a destruição, se omitindo de ajudar, sem dedicar tempo para oração e leitura da Palavra, dando mau testemunho, envergonhando o evangelho de Cristo, que morreu para salvá-lo.
Deus o abençoe.

Pr. Roberto