A história do Natal de Jesus é cercada por vários fatos surpreendentes. Identifica-se, na Escritura, a manifestação de seres espirituais - anjos - anunciando o nascimento do Salvador a uns pastores que guardavam seus rebanhos nos campos dos arredores de Belém da Judeia. Algum tempo depois contemplamos a visita de uns magos vindos do Oriente ao menino Jesus recém-nascido, trazendo alguns presentes próprios de um rei.
Após a visita dos magos registra-se, outra vez, a presença de um anjo trazendo mais uma mensagem para aquela pequena família, desta vez revestida de um caráter de urgência:
Tendo
eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse:
Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e
permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o
matar. (Mt. 2:13)
Maria, quando recebeu o anúncio de que, mesmo virgem, seria mãe daquele que ocuparia o lugar do rei Davi e que seu reinado não teria fim, talvez não imaginasse que seria surpreendida no meio da noite por seu marido despertando-a para fugir com o propósito de salvar a vida do menino que seria o Rei dos reis, eternamente. Como seria eterno, se ele estava tão exposto à morte? Poderia ter pensado ela.
Diante desse relato, consideremos sucintamente algumas lições:
Em primeiro lugar, registre-se o fato de que muitos perigos cercaram o Filho de Deus. Herodes, um governante cruel e ambicioso, o procurou para matá-lo quando ainda era um bebê de colo. Ele não admitiu a possibilidade de um rei dos judeus em seu território (ele mesmo era tido como o rei dos judeus).
A vida, na atualidade - como foi também no passado-, se desenvolve em um ambiente extremamente cercado de perigos. Eles vêm de fora, da violência, acidentes, corrupção, injustiças etc., mas também vêm do interior dos homens, sendo esta fonte, aliás, a que origina boa parte dos demais...
Porque do coração
procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos
testemunhos, blasfêmias. (Mt. 15:19)
Se os perigos estão sempre nos ameaçando, considere que Jesus Cristo viveu essa experiência desde o seu nascimento. Sua mãe e ele não tiveram sequer o necessário descanso pós parto, tendo de empreender uma longa viagem a um lugar que oferecesse segurança.
É sempre bom lembrar que Jesus conhece as dores e sofrimentos pelos quais nós passamos. Por isso o autor do livro aos Hebreus enaltece a identificação de Jesus conosco e que, tendo passado por várias coisas pelas quais passamos - mas sem pecado - é compassivo conosco.
Porque não temos sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes,
foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança,
mas sem pecado. (Hb. 4:15)
Em segundo lugar, levemos em conta que existe ajuda do alto. Os perigos eram uma realidade, mas também Deus é uma realidade. Um anjo foi enviado com uma mensagem instrutiva: fujam do perigo, daquilo que pode lhe prejudicar e destruir a sua vida.
Quantos caminhos são trilhados por pessoas que não consideram que ao final são caminhos de morte e destruição! Temos disponível a mensagem vinda dos céus, de Deus, para nos guiar a trilhar um caminho afastado dos perigos. O inimigo está ao derredor procurando alguém para devorar, já advertia o apóstolo Pedro:
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; (1Pe. 5:8).
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; (1Pe. 5:8).
Portanto, ainda que não haja um anjo aparecendo a cada um de nós em sonhos, dia após dia, nos ensinando com nos comportar, temos a eterna Palavra de Deus com a mensagem do Altíssimo indicando o caminho a trilhar e, algumas vezes, a palavra de ordem é fugir, taxativamente, sem negociar, sem ponderar:
Fugi da impureza... (1Co. 6:18)
Fugi da idolatria... (1Co. 10:14)
Jesus teve de fugir, circunstancialmente, do tirano Herodes, pois sua vida estava ameaçada fora de tempo. O servo de Deus também deve empreender fugas do pecado.
Em terceiro lugar, consideremos a atitude de José, ao ouvir a mensagem angelical:
Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; (Mt. 2:14).
José foi obediente ao recado de Deus trazido pelo anjo. Essa é a sua parte na vida: confiar na Palavra de Deus e obedecê-la. Ela é a verdade. José não fez ponderações; eles estavam dormindo, um descanso necessário, dadas as circunstâncias, quais sejam: Maria ainda se recuperava do parto desconfortável que teve; havia um bebê muito novo que também necessitava de descanso. Quem já teve um filho desde novinho sabe muito bem dos incômodos próprios de se ter um recém-nascido sob sua responsabilidade (dores, choro, pouco sono, cansaço etc.).
Em acréscimo, a nova viagem seria muito mais longa e cansativa. Ainda assim, não percebemos José resistindo a Deus e quando despertou Maria com aquele carinho que lhe era peculiar, possivelmente sussurrou em seu ouvido: Maria, desculpe interromper o seu merecido descanso, mas Deus está chamando o Seu Filho neste momento lá do Egito, para cumprir a profecia de Oseias, que diz do Egito chamei o meu filho. Ela se levantou confusa, mais uma vez, com tantas mensagens angelicais, mas se arrumou alegremente, pois estava cumprindo a Palavra do Senhor, e foram os três...
No caminho certamente deram muitas graças a Deus pelo livramento e também pelos presentes recebidos dos magos orientais, pois com aqueles bens poderiam comprar alguns alimentos, objetos e contratar alguns serviços que tornariam mais confortável a viagem e a estada no Egito.
É preciso compreender que a obediência que nos livra do perigo exige sacrifícios, mas nada insuportável, mas certamente alegrará o coração de Deus.
Portanto, devemos discernir os perigos do pecado que nos assedia, ouvir a Palavra de Deus, que nos mostra o caminho do livramento e obedecer com fé, fugindo dos perigos como o grande rei. Certamente o Senhor nos conduzirá para as águas tranquilas e pastos verdejantes. Amém.
Pr. Roberto.